O que é fuga ao tema?



Enquadra-se nessa classificação a redação na qual nem o tema nem o assunto mais amplo relacionado ao tema são desenvolvidos.

No Enem 2013, recebeu a rubrica de fuga ao tema a redação que tratou, por exemplo, exclusivamente, do problema de segurança no trânsito; da ingestão de álcool, sem associá-la às leis de trânsito ou à Lei Seca.

No Enem 2014, incorreu em fuga ao tema a redação que tratou, por exemplo, exclusivamente, de consumismo; publicidade; infância; liberdade de expressão; exploração sexual infantil; ou trabalho infantil.

No Enem 2015, da mesma forma, incorreu em fuga ao tema a redação que tratou, por exemplo, exclusivamente, de violência, sem mencionar o recorte de gênero "contra a mulher"; da violência contra a mulher em diferentes países sem mencionar o Brasil (exceto quando nada é dito sobre o lugar, mas infere-se que se trata do Brasil); da violência feminina, praticada pelas mulheres contra os homens; de feminismo/ machismo, abordando apenas o movimento; do papel da mulher na sociedade/ família, sem abordar a questão da violência contra a mulher na sociedade brasileira.

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O que é não atender ao tipo textual?

Não atende ao tipo textual a redação que esteja predominantemente fora do padrão dissertativo-argumentativo, sem apresentar quaisquer indícios de caráter dissertativo (explicações, exemplificações, análises ou interpretações de aspectos dentro da temática solicitada) ou de caráter argumentativo (defesa ou refutação de ideias dentro da temática solicitada).

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O que é tangenciar o tema?

Considera-se tangenciamento ao tema na redação dissertativa do Enem uma abordagem parcial, realizada somente nos limites do assunto mais amplo a que o tema está vinculado, que deixa em segundo plano a discussão em torno do eixo temático objetivamente proposto.

No Enem 2013, algumas redações se limitaram a desenvolver o tema apenas nos limites dos assuntos mais amplos, sem abordar o recorte temático solicitado - os efeitos da implantação da Lei Seca no Brasil. O tangenciamento configurou-se como a abordagem de assunto relacionado ao tema, como: discutir a Lei Seca sem considerar seus efeitos; tratar exclusivamente das causas da Lei Seca; tratar da relação entre ingestão de álcool e direção (mesmo sem menção à Lei Seca, já que ela, nesse caso, está implícita), como alcoolismo no trânsito, tratamento do motorista alcoolizado ou leis de trânsito para motoristas alcoolizados.



No Enem 2014, configurou-se como tangenciamento ao tema o encaminhamento de assunto relacionado ao tema, como: trabalho infantil no campo da publicidade; erotização da infância no campo da publicidade; influência da publicidade na vida da sociedade em geral.

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No Enem 2015, configurou-se como tangenciamento ao tema o tratamento apenas de assunto relacionado ao tema, como: a discussão de leis ou outros instrumentos legais, a exemplo das leis Maria da Penha e do Feminicídio, sem relacioná-los ao cenário da persistência da violência contra as mulheres.

Características da prova do Enem

No Enem 2015, a abordagem proposta referia-se à discussão sobre a persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira. A partir dessas palavras-chave destacadas, o participante precisaria considerar as várias dimensões do problema contidas nos textos motivadores, por meio, sobretudo, de dados sobre a violência contra a mulher, a fim de decidir sobre o seu direcionamento. Nesse contexto, esperava-se que as redações abordassem o cenário em que se localiza o problema (a sociedade brasileira) e não o tratassem como assunto novo, mas considerassem as políticas, ações e leis já em curso relacionadas a esse problema, como sugeriram os textos motivadores postos na proposta. O Texto I apresentou um trecho do relatório Mapa da Violência 2012, o qual sintetizou o número de homicídios de mulheres no Brasil entre os anos de 1980 e 2010. O Texto II trouxe subsídios para ampliar a reflexão sobre a violência contra a mulher ao apresentar um gráfico com um balanço sobre os tipos de violência relatados pelas mulheres na Central de Atendimento à Mulher ao longo do ano de 2014. O Texto III foi um cartaz que abordava a questão do feminicídio (Lei n 13.104, de 09/03/2015), por meio de um pedido de combate à violência contra a mulher. O Texto IV foi um infográfico com informações em números referentes ao impacto da Lei Maria da Penha.

A partir desse rol de informações, esperava-se que, no Enem 2015, os textos produzidos se direcionassem para um determinado contexto, como o contexto legal: discutir os pontos de fragilidade e/ou aspectos positivos existentes na execução da legislação atual os segredos da redação perfeita do Enem  (feminicídio, Lei Maria da Penha) acerca da violência contra a mulher; ou o contexto de proteção às mulheres por meio de políticas públicas: enfatizar a necessidade de proteção às mulheres como uma realidade brasileira urgente e inegável, problematizando a discussão de políticas públicas e sua efetividade; ou o contexto de ação da sociedade civil e/ou entidades não governamentais: discutir políticas pela igualdade de gênero e empoderamento das mulheres, sob um viés mais sociológico, problematizando a herança da cultura patriarcal na sociedade brasileira e as lutas feministas; o contexto de mudança cultural: transformar valores culturais com relação à equidade de gênero; o contexto da ação individual: demonstrar que qualquer mudança de atitude e de comportamento tem origem no indivíduo como membro de uma coletividade.